quarta-feira, 6 de abril de 2011

George & Floyd




Nada tem sentido se não for partilhado. 

Uma música, um filme, um acontecimento feliz, um pensamento, só ganham verdadeiro sentido e dimensão se o partilhamos com outrem. Porque o nosso prazer aumenta ao saber que mais alguém gostou do que nós gostamos ou sentiu o que nós sentimos.

Há pouco, encontrava-me à janela, olhando para a noite Lisboeta por entre o fumo do meu cigarro, embalado por uma canção que quero partilhar convosco.

A pouco e pouco, se por cá continuarem, irão conhecer a minha paixão pelos Beatles e pelos Muppets. ( E por muitas outras coisas mais)

Porém, hoje não vou falar das estrelas, do Lennon, do Paul, do Kermit ou da Piggy.

Esta noite é do George Harrison e do Floyd.

Espero que gostem.

Sapinni

I look at you all see the love there that's sleeping
While my guitar gently weeps
I look at the floor and I see it needs sweeping
Still my guitar gently weeps
I look at the world and I notice it's turning
While my guitar gently weeps
With every mistake we must surely be learning
Still my guitar gently weeps

Ps: “I look at the floor and I see it needs sweeping” não tem nada a ver com a dispensa da Maria. Acho eu.

sábado, 2 de abril de 2011

Verona - NY - Lisbon











Não. Este post inicial não é para vos falar de um novo filme de Wim Wenders, nem tão pouco da Natassja Kinski, muito embora fosse capaz de ficar horas a falar sobre a menina de Tess, e o impacto que há muitos anos ela causou  num sapo adolescente.


Verona-NY-Lisbon, é o resumo geográfico do meu percurso de vida.  Pode não soar tão bem como Paris–Texas, nem ter Natassjas como protagonistas, mas é o que é.

Nasci em Verona, no seio de uma família tradicional e numerosa dedicada ao comércio de bolas de naftalina. Eu sei, não é muito romântico associar naftalina a Verona, cidade de Romeu & Julieta, mas as traças nunca foram conhecidas por recuarem perante juras de amor.

A propósito da tragédia dos Capuleto/Montecchio, tragédia maior foi o resultado do bailado que a Companhia Nacional de Bailado apresentou no Teatro Camões há um par de semanas. Sem brilho, sem chama, sem paixão. E com péssimo som. Nunca desejei tanto que o Romeu se matasse depressa, para findar o assunto. A obra de Shakespeare não merece menos do que ópera. Só com dança nenhuma companhia vai lá. Provem-me o contrário.

Já estou a divagar.

Com a retração do mercado das traças, muito por causa da substituição das lãs e das cachemiras por tecidos sintéticos,  acabamos por imigrar para os EUA. Estudei, formei-me, trabalhei, casei. Divorciei-me, casei e divorciei-me mais umas quantas vezes e dei por mim quase a entrar nos quarenta sem ter encontrado ainda o meu lugar.

Ça suffit !  Vendi as minhas acções da coca-cola  e tudo o que me ligava à terra que me deu tantas pensões de alimentos para pagar e muito pouca paz interior. Tinha todos os meus sentidos de sapo postos no velho continente.

Foi assim que vim parar a Lisboa, supostamente a primeira paragem de uma longa digressão pela europa que moldou os meus genes. Porém, é assim o destino, antes que pudesse fazer algo em contrário, estava já irremediavelmente  apaixonado pelos sapais do Tejo, e pelos curiosos habitantes deste inigualável país.

Há 5 anos que me delicio a olhar para o entardecer do dia do alto das águas furtadas que arrendei e transformei em lar. O meu consultório é por baixo, no 1º andar, onde aprendo mais sobre a vida do que realmente ensino.

Este blog é sobre as minhas vivências neste Vosso país que todos os dias me surpreende. Sinto-me bem aqui. Tranquilo. Lisboa é o meu “Oceano Pacífico”, mesmo sem o João Chaves.

Pegando novamente no filme Paris-Texas, tomo a liberdade de transcrever algumas das frases do respectivo cartaz promocional, dedicando-as a Lisboa :

A Place for Dreams.
A Place for Heartbreak.
A Place to pick up the pieces.

Espero encontrar-me aqui convosco muitas e repetidas noites.

Estou apresentado.